A CULTURA - O Processo de Humanização
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando - introdução à Filosofia. 2ª ed. São Paulo, Moderna, 1995, p. 2 - 7
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Palavras chave: instinto, costumes, diferenças naturais.
O instinto é, notoriamente, existência de todo ser vivo, independentemente de sua complexidade. Mas, quando se trata de inteligência concreta, o instinto fica em segundo plano, se levarmos em consideração que pensamento e ação são etapas progressivas de um processo que tenha finalidade.
E são os costumes e a natureza de cada reino, família, gênero etc., que diferenciar-nos-á uns dos outros. É nesse momento que o homem se destaca, com sua linguagem exclusiva baseada em símbolos, razão pela qual enigmaticamente tem considerável domínio sobre os demais seres vivos. As diferenças naturais podem ser diminuídas, mas nunca anuladas, uma vez que esses fatores anteriormente citados tem uma significância demasiadamente grande nas diversas sociedades do planeta.
Ação instintiva
A ação instintiva é regida por leis biológicas, idênticas na espécie e invariáveis de indivíduo para indivíduo.
O psicólogo Paul Guillaume explica que um ato inato não precisa surgir desde o início da vida, pois muitas vezes aparece apenas mais tarde, no decorrer do desenvolvimento.
Na verdade os instintos são "cegos", ou seja, são uma atividade que ignora a atividade da própria ação.
O ato humano voluntário, em contrapartida, é consciente da finalidade, isto é, o ato existe antes como pensamento, como uma possibilidade, e a execução é o resultado da escolha dos meios necessários para atingir os fins propostos.
Nos níveis mais altos da escala zoológica, como os mamíferos, por exemplo, as ações deixam de ser exclusivamente resultado de reflexos e instintos e apresentam uma plasticidade maior, característica dos atos inteligentes. Ao contrário da rigidez dos instintos, a resposta ao problema, ou à situação nova para os quais não há uma programação biológica, é uma resposta inteligente, e como tal, é improvisada, pessoal e criativa.
A inteligência distingue-se do instinto por sua flexibilidade, já que as respostas são diferentes conforme a situação e também por variarem de animal para animal.
A linguagem
O homem é um ser que fala. A palavra se encontra no limiar do universo humano, pois caracteriza fundamentalmente o homem e o distingue do animal.
Poderíamos dizer que os animais também tem linguagem. Mas a natureza dessa comunicação não se compara à revolução que a linguagem humana provoca na relação do homem com o mundo.
A diferença entre a linguagem humana e a do animal está no fato de que esse não conhece o símbolo, mas somente o índice. O índice está relacionado de forma fixa e única com a coisa a que se refere.
Assim, a linguagem animal visa à adaptação à situação concreta, enquanto a linguagem humana intervem como uma forma abstrata que distancia o homem da experiência vivida, tornando-se capaz de reorganizá-la numa outra totalidade lhe dar novo sentido.
Se o contato que o homem tem com o mundo é intermediado pelo símbolo, a cultura é o conjunto de símbolos elaborados por um povo em um determinado tempo e lugar.
A comunidade dos homens
Retomando o que foi dito até agora: o home é um ser que fala; é um ser que trabalha e, por meio do trabalho, transforma a natureza e a si mesmo.
Nada disso, porém, será completo se não enfatizarmos que a ação humana é uma ação coletiva. O trabalho é executado como tarefa soxial, e a palavra toma sentido pelo diálogo.
Todas as diferenças existentes no comportamento modelado em sociedade resultam da maneira pela qual os homens organizam as relações entre si, que possibilitam o estabelecimento de regras de conduta e dos fatores que nortearão a construção da vida social, econômica e política.
Entretanto, assim como a massificação pode ser decorrente da aceitação sem crítica dos valores impostos pelo grupo social, também é verdade que a vida autêntica só pode justamente o paradoxo de nossa existência social.
Portanto, a sociedade é a condição da alienação e da liberdade, é a condição para o homem se perder, mas também de se encontrar.
Considerações finais
Tendo em vista os preceitos existentes na sociedade humana, é aceitável afirmar que a amplitude de inteligência concreta/ abstrata é variável e sempre existirá. O poder humano de planejar e criar com finalidades específicas encerra uma liderança ímpar que controlará o mundo por ter um código genético em que possam existir semelhanças, mas nunca repetições.
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