A Competição tem o mesmo enfoque em todos os âmbitos? A relação do atleta com o espírito competitivo é a mesma em todos os tipos de competição e em todas as modalidades?
FUTSAL
Aqui contarei a história de um atleta de Futsal.
História do Guina
Iniciou sua vivência com o futebol desde bem pequeno; já tinha habilidades físicas diferenciadas. No condomínio em que morava no Rio Comprido, fez parte de um time de futebol o qual fora formado por um morador que na verdade pretendia sociabilizar os meninos do referido condomínio. Este senhor - chamado Getúlio - tinha tal dedicação, apesar de não atuar a área de Educação Física, que criou um time (o Nova Esperança Esporte Clube), com escudo próprio. Fabricou o uniforme para todos os meninos. ‘Treinava’-os num campo de terra de um quartel do Corpo de Bombeiros. O treino era apenas a prática informal do esporte, não havia profissional especializado com conhecimento técnico para ensinar-lhes os fundamentos etc. E percorreu os clubes do Rio de Janeiro, conseguindo fazer com que o Nova Esperança disputasse jogos amistosos contra times como Flamengo, Vasco, Portuguesa da Ilha etc., obtendo, inclusive, algumas vitórias. O atleta Guina sempre foi o menor e mais novo do time, que não era homogêneo, compondo-se de crianças até pré-adolescentes. Mas sempre se destacou. Essa fase do atleta foi relatada por um de seus amigos, que fazia parte do Nova Esperança. Posteriormente, identificou-se com o Futsal.
Entrevista
1) Como despontaram suas primeiras habilidades no futebol/futsal e com que idade?
R - Houve motivação de outras pessoas? com 3 anos. Meu pai foi o descobridor e o principal motivador e formador até os 8 anos. Meu pai fala que eu chutava muito forte para minha idade e me interessava muito pelo esporte. Na seqüência um treinador de futsal do Grajaú Country Club me viu jogando e me chamou para incorporar a equipe de futsal do clube na categoria pré-mirim.
2) Como você passou a ser um jogador profissional (a forma pela qual foi selecionado)? O local de treino foi importante nessa questão?
R – As coisas aconteceram muito de repente para mim. Com 17 anos eu jogava pela equipe Juvenil de futsal do América RJ, e em um campeonato importante da modalidade chamado torneio Rio – SP - MG o treinador da equipe adulta (profissional) acabou me selecionando para incorporar o elenco profissional. A partir daí comecei minha jornada no futsal profissional. No meu caso o local do treinamento não foi primordial naquele momento, mas acredito que toda minha formação nas categorias de base com profissionais de qualidade, locais apropriados de treinamento e todo um suporte para a pratica esportiva foram essenciais para toda a seqüência da minha carreira até os dias atuais.
3) Na atual Seleção da qual você faz parte, como costuma ser o processo de seleção dos atletas? Quem faz essa seleção? Onde ela é feita?
R – Atualmente, estou na equipe da Krona Joinville futsal. Uma das principais equipes do país. Já fui convocado para seleção brasileira algumas vezes. Esse processo é feito pelo treinador e comissão técnica da seleção brasileira de futsal. É feita em Fortaleza na cede da CBFS (Confederação Brasileira de Futebol de Salão). Todo jogador que já foi convocado para seleção tem um cadastro na cede com todos os dados necessários.
4) Como foi seu processo de formação como atleta?
R - Meu processo de formação foi muito qualificado. Praticamente todo esse processo foi na equipe de Futsal do Flamengo onde joguei dos 9 até os 17. Encontrei por lá profissionais muito qualificados não só na formação de jogadores de futsal, mas também na formação do atleta e do ser humano. Esse momento é um momento complicado para todos. Por ser adolescência, passamos por várias mudanças físicas e mentais; todos os profissionais que trabalhei no Flamengo me ajudaram a adquirir responsabilidade, determinação, foco nos treinamentos, humildade e discernimento para saber escolher as coisas certas e seguir competitivo no esporte.
5) Em relação às competições da Seleção Brasileira de Futsal, onde, como e com que freqüência elas costumam ocorrer?
R- O calendário da Seleção Brasileira de Futsal varia muito a cada ano. A principal competição é o mundial que ocorre de 4 em 4 anos. As outras competições como Sul-Americano, jogos lusofônicos... Variam muito o local e o mês da disputa. Isso é flexível com o calendário das competições nacionais e internacionais do ano. A temporada na Europa inicia e termina em momentos distintos da nacional. Todas são organizadas pelas cedes onde são disputadas.
6) Quem são seus principais adversários?
R- Meus principais adversários são as grandes equipes do pais na modalidade. São elas:
– Carlos Barbosa (Rio Grande do Sul)
– Malwee Cimed (Santa Catarina)
– Florianópolis Futsal (Santa Catarina)
– V&M Minas (Minas Gerais)
São equipes qualificadas que sempre brigam pelo titulo nacional.
Títulos e convocações do Guina
Campeão Brasileiro Juvenil – 2003 (Tio Sam RJ)/ Convocado Para Seleção sub 18 em 2003;
Campeão Estadual e Metropolitano RJ – 2004 (Tio Sam RJ);
Campeão Brasileiro Juvenil –2005 (Minas Tênis);
Campeão Copa Jal Internacional – 2005 (Minas Tênis);
Campeão Estadual e Metropolitano MG – 2005 (Minas Tênis)/ Convocado para seleção sub 20 em 2005;
Campeão Estadual e Metropolitano MG – 2006 (Minas Tênis)/ Convocado para seleção principal em 2006;
Transferência para El Pozo (Espanha) - agosto de 2006 (por 3 anos);
Temporada 2006 - 2007 na equipe;
Temporada 2007 – 2008 emprestado ao Petrópolis Esporte Clube/ Convocado para seleção principal em 2008 (Renovação após Mundial);
Temporada 2009 Joinville Esporte clube;
Campeão Jogos da Lusofonia pela Seleção em julho de 2009;
Campeão Catarinense de Futsal 2009.
Futsal Infantil (Mello Tênis Clube)
No processo de avaliação são observados, aptidão física do atleta, posicionamento deles dentro de quadra e a concentração.
Formação dos atletas como cidadãos - a competição nesse âmbito é capaz de ensinar o indivíduo a se comportar perante seu adversário. Mesmo sendo muito novos os atletas já tem contato com muitos sentimentos de adultos. Muitos pensam que as exigências não são muitas, mas a verdade é que são crianças e com pais que buscam campeões em seus filhos.
Ao assistir um jogo de futsal deste campeonato, não encontramos muita diferença entre um clássico assistido no Maracanã. Os vocábulos são os mesmos, o problema é que os atletas ali estão muito mais perto da torcida, é muito mais provável escutar o que está sendo dito, do que se estivessem jogando no Maracanã, é muito pior ainda, pensar que as pessoas que estão reclamando ou criticando, são da sua família, são seus parentes e amigos e eles não têm pudor de se resguardar ou de resguardar a sua imagem, chegamos ao topo ainda se pensarmos que os atletas são crianças, e que ninguém ali se importa com isso necessariamente.
Mas esse tipo de competição também tem seu lado bom para esses atletas mirins, é uma preparação para a vida adulta, quando perdem se sentem tristes, mas devem se corrigir, aprendendo a dar a volta por cima, compreendendo que errar é humano, e que é possível superar quando se tem confiança.
Rotina dos jogos - os jogos são semanais, e quando tem feriado eles são dobrados. Mas as crianças levam a sério e querem jogar, não se importam com a rotina de treinos e jogos. Os treinos são duas vezes por semana.
Pressão - como já foi dito, as crianças são expostas a sentimentos muito precocemente. Quando entram na quadra se transformam, quando jogam com times grandes a pressão é maior ainda. O time mais forte da chave é o Vasco, com uma ajudinha dos juízes, o Mello perdeu dentro de São Januário. Isso também é uma coisa importante de ressaltar, alguns juízes preferem, por medo, defenderem times maiores. Engana-se aquele que pensa que a camisa pesa apenas nas disputas entre times profissionais.
O próprio técnico diz que para ele parece ser mais difícil do que para as crianças, de fato, ele está do lado de fora, não pode fazer nada, e são crianças, ele não pode cobrar deles como cobraria de um grupo profissional.
Disputa entre atletas - não há apenas disputa entre os times. No próprio time do Mello, existe uma certa briga entre os jogadores mirins, todos querem ser do time titular, por isso que os treinos são revestidos de raça e vontade. Quando chegam atletas novos para fazer testes os atletas mirins ficam receosos, mas devem continuar mostrando o que realmente querem.
Professor de Ed. Física da Escola e o Treinador - procuramos saber qual era a diferença entre os relacionamentos das crianças com os dois casos. A diferença que tem mais ênfase, claro, é a cobrança. O treinador quer um bom desempenho de seu atleta e o professor da escola cobra apenas uma boa interação dos alunos.
HAND BEACH
O que é o Hand Beach
Na década de 80, o handebol era praticado nas praias brasileiras apenas como uma recreação de verão. Usavam-se as dimensões de uma quadra e as regras do handebol de salão. Porém, as primeiras competições oficiais de beach handball foram organizadas pelos italianos em 1993, na praia de Giulianova.
Foi trazido pro Brasil em 1995. Pelas dimensões da quadra, pelo peso da bola, pelo número de jogadores, nota-se a grande diferença do Handebol da quadra.
Cada jogador pode dar até 3 passos com a bola na mão, mas os giros e saltos são características dominantes desse esporte.
Chegando ao Brasil, Manoel Luiz entrou em contato com o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) para divulgar a nova modalidade e sugerir a sua inclusão no Festival Olímpico de Verão em 1995. Sugestão aceita, iniciaram-se os preparativos para a realização do primeiro torneio internacional de beach handball no Brasil.
Para maiores informações: http://ulbrahand.vilabol.uol.com.br/hand_beach.html
Vídeo - entrevista com Prof. Marcelo (Técnico de Hand Beach):
POLO AQUÁTICO
Entrevistas com os técnicos
•Antônio Canetti ( técnico do flamengo)
•Carlos Carvalho ( técnico do fluminense)
O processo de seleção e formação
Técnico do flamengo
É preciso também que se tenha disponibilidade de horário, disponibilidade para viajar nos fins de semana para competir, e um grande comprometimento da família. Muitos pais acham o fim de semana é só diversão, que os filhos tem que ir ao cinema, ao teatro, ao shopping, uma competição acaba atrapalhando. É preciso que se tenha compromisso grande com o esporte.
Tem também a questão financeira, pois o que tem em um clube, tem em outro. Por isso é necessário que se tenha uma boa estrutura, um bom espaço físico, departamento médico, uma boa diretoria e bons técnicos, isso pode fazer com que atletas dos outros clubes se interessem e permaneçam nele. O clube do flamengo oferece também bolsa de estudos, curso de inglês e até ajuda de custo.
Técnico do fluminense
O próprio técnico junto com outros professores vão até as escolinhas de natação para selecionar os atletas. Procuram pegar alunos que ainda não sabem nadar ou que não nadam bem, para ensiná-los a nadar como jogador de pólo aquático. O processo de formação é lento e bem delicado, pois é preciso desenvolver nesse atleta todos os fundamentos do esporte, para que lá na frente ele não jogue cheio de defeitos.
A carga horária de treino
São três horas por dia. 1 hora de musculação, 1 hora de físico na agua e 1 hora de bate bola.
Calendário dos jogos
Existe um calendário da Federação Aquática do Rio de Janeiro e um calendário da Federação Brasileira. Os campeonatos acontecem um em cada semestre variando a categoria, os estaduais também.
A diferença do pólo aquático do Brasil com o da Europa
Aqui no Brasil o pólo aquático é amador para semi- profissional. É absurdamente inferior à Europa. Esse esporte é muito forte no leste europeu, os atletas estão sempre jogando em alto rendimento, então se um atleta que já é bom começa a jogar em alto nível a tendência é sempre melhorar e lá toda semana tem jogo. Agora acabaram os campeonatos na Europa e cada time aqui no Brasil teve a oportunidade de trazer dois atletas de lá de fora. A diferença é nítida, e é muito bom para que os atletas daqui vejam como eles jogam, e assim possam aprender cada vez mais. Mas não em comparação.
•Tiago Maroni ( jogador do SESI de SP)
Tiago Maroni |
Por que a escolha pelo pólo aquático
Porque já nadava desde cedo, não gosta de desporto individual e também porque seu pai era técnico da seleção brasileira feminina de pólo. Não vive do esporte, é fisioterapeuta e tem consultório próprio.
A semana antes de um grande jogo
É uma semana normal, jogam muito pouco, o pólo aqui no Brasil é o nosso “hobby bem feito”.
• Vicente Henriques ( jogador do Cremona da Itália)
Porque já nadava desde cedo, e o clube em que nadava tinha um polo aquático muito forte, começou a treinar após muito incentivo dos pais e se apaixonou.
A semana antes de um grande jogo
A semana antes de um jogo é bem equilibrada e os treinos são bem puxados no início da semana e mais tranqüilo no final pra não sobrecarregar muito os atletas. A semana fica divida assim:
2ª- aeróbico
3ª- musculação
4ª- amistoso
5ª –velocidade
6ª- Mais light, só um bate bola
Aqui no Brasil é bem diferente, é uma semana normal, é mais um hobby mesmo.
• Kiko Perrone ( jogador do Barcelona da Espanha)
Porque o pai era jogador de pólo de aquático, então sempre iam ao clube e assistiam aos jogos, era normal que se interessasse pelo esporte.
A semana antes de um grande jogo
A semana antes de um jogo é bem equilibrada e os treinos são bem puxados no início da semana e mais tranqüilo no final pra não sobrecarregar muito os atletas. A semana fica divida assim:
2ª- aeróbico
3ª- musculação
4ª- amistoso
5ª –velocidade
6ª- Mais light, só um bate bola.
O que podemos observar é que a Competição tem várias nuances, de acordo com o atleta, com a modalidade etc. E, como pudemos ver no Futsal, dentro da mesma modalidade a Competição também tem características próprias, diferenciadas, porém nunca perdendo sua peculiaridade, que é a motivação ao espírito competitivo.
No Futsal da Seleção Brasileira, o processo de formação dos atletas é voltado para a concentração e a alta competitividade e seriedade; no Futsal infantil, a forma de treinamento muitas vezes questionável no que diz respeito a cobranças à criança, que se obriga a ter uma responsabilidade competitiva precoce; no Projeto Hand Beach Santa Mônica a Competição é voltada para a inclusão social, em primeiro plano.
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